30 de dezembro de 2011.
Um ano atrás eu estava aqui, sentada na frente do computador, escrevendo uma reflexão sobre o ano que passava. Fiz um baçanço daquele que foi o melhor ano de todos os tempos, com todas as suas novidades, realizações, sonhos e borboletas no estomago. E pra finalizar, pedi que 2011 fosse um 2010 repetido.
É... não foi bem isso que aconteceu. Logo de cara 2011 me deu uma rasteira e jogou por terra aquilo que eu trazia de mais sólido de 2010. Não que seja culpa do ano, é claro, mas em apenas 21 dias, a expectativa de um 2011 cheio de alegrias virou uma grande frustração... Veio a vontade de cavar um buraco e me enfiar dentro, escondida, até a mágoa passar... A vontade de gritar pro mundo TO DE ALTAS e sair da brincadeira... E foi mais ou menos isso que eu fiz o resto do ano. Procurei abrigo onde eu sabia que ia encontrar, embaixo das asas dos meus pais. Me refugiei como nunca no meu próprio mundo, cada vez mais escondida da vida e vendo tudo acontecer lá fora. Aos poucos o sossego que eu buscava foi se transformando em um fraco comodismo. A cama ficava cada vez mais tentadora, o sofá cada vez mais aconchegante, os filmes cada vez mais interessantes e até a cozinha, que sempre me assustou, conseguiu conquistar espaço nas tardes vazias de todo sábado.
Em 2011 eu vi a vida passar. 365 dias que vieram, aconteceram, passaram e eu nem percebi. Fiquei sentada à margem da minha própria vida, muito soterrada na preguiça de reagir e voltar a cena. Em 2011 eu perdi o brilho no olho, a paixão que me move, o desejo enlouquecido de ter sempre as tais borboletas fazendo cócegas na parede do estomago. Em 2011 eu esqueci o que é querer muito alguma coisa, o que é desejar muito alguma coisa, o que é amar muito alguma coisa. Em 2011 eu esqueci um pouco até de quem eu sou. Deixei o comodismo me dominar de tal forma que de repente me vi atolada em um monte de coisas que nunca estiveram nos meus planos... Mas ai já era tarde demais pra reagir e voltar atrás...
ERA. Porque em 2012 eu quero fazer diferente. Em 2012 é hora de reagir. Se era um ano de preguiça que eu queria, pois bem, eu tive. Um ano inteiro pra jogar fora, pra fazer nada. Agora chega. Chega desse porto seguro, chega desse medo de sair do casulo e dar a cara pra bater. Chega dessa preguiça de viver. Porque a vida é mesmo linda, e basta um empurrãozinho pra gente se lembrar de como o encantamento está nas pequenas coisas. E aos poucos as borboletas voltam ao seu lugar, assim que o brilho nos olhos também voltar. Seja por aquela viagem que tanto se sonha, seja pelas saudades que se matam, seja pelo vislumbre de um novo futuro. E não importa o número de tentativas, porque uma hora tudo chega no lugar. Em 2012 vale tudo, menos chegar no dia 31 de dezembro repetindo qualquer das queixas que eu tive sobre 2011.
Em 2012 eu quero gostar mais de mim. Quero ser menos insegura, menos medrosa com a vida, menos exigente com os meus planos. Quero voltar a acreditar que as melhores coisas quase sempre surgem do inesperado. Quero lembrar que o bom da vida é correr riscos, experimentar, conhecer, testar os limites e ir além. Sair por ai, conhecer gente nova, me encantar com lugares, me apaixonar por comidas, experimentar bebidas, ser mais leve... Em 2012 a meta é deixar a mágoa e a frustração pra trás e acreditar de novo. Acreditar em tudo aquilo que me decepcionou em 2011. Acreditar no amor, na amizade, no trabalho, na vida.
Obrigada, 2011. Por ter sido o pior ano de todos os tempos. Você me ensinou muito e, acima de tudo, me mostrou aquilo que eu nunca mais quero ser.
Seja muito bem-vindo, 2012!